GUINÉ-BISSAU 2017
Ingoré é uma cidade e secção do sector de Bigene, na região do Cacheu, na Guiné Bissau.
Realizou-se, mês de julho, de 2017 a Primeira Missão Humanitária da HumanitAVE, um grupo de jovens famalicenses que teve como destino a Guiné-Bissau.
Atraídos por uma paixão solidária comum, decidiram, em plena época veraneia, deixar o conforto dos seus lares e embarcar rumo a um dos países de língua oficial portuguesa com maiores problemas económicos, políticos e sociais.
A escolha da Guiné Bissau prendeu-se com o objetivo comum dos voluntários da HumanitAVE de desenvolverem o seu trabalho num país de língua oficial portuguesa, com laços históricos, culturais e familiares com Portugal.
Sendo a Guiné Bissau um país situado da cauda do índice de desenvolvimento da OCDE, a escolha acabou por se tornar óbvia.
Em 2016 a HumanitAVE partiu em busca de mais conhecimento, sobre a realidade Guineense, optando pela realização de uma primeira missão, missão essa de cariz, quase em exclusivo, exploratório e de levantamento de necessidades.
Após alguns contactos institucionais, governamentais e diplomáticos, foi direcionada para a cidade de Ingoré, sita na província de Cacheu, localizada no norte da Guiné Bissau e que tem a particularidade de ser cruzada pela principal via rodoviária de ligação da capital Bissau ao Senegal.
Sendo os cuidados médicos um dos principais pilares de um estado de direito, rapidamente percebemos que muito havia a fazer no sentido de os tentar proporcionar a estes habitantes.
A realidade encontrada foi um espelho do resultado do ranking já anteriormente falado. Deparamo-nos com uma situação de pobreza extrema, onde o principal hospital de apoio, Hospital do Povo, não dispunha dos meios mínimos necessários para o correto socorro e atendimento das pessoas, que aqui se dirigem às centenas, à procura de algo que, na maioria das vezes, não conseguem alcançar… ajuda médica. Tampouco dispõem de condições físicas para os seus profissionais poderem desenvolver o seu trabalho com qualidade.
Quando falamos de ausência de condições mínimas falamos, por exemplo, de água potável para lavar as mãos, luz para poder ver os doentes em período noturno, redes mosquiteiras, no sentido de travar as doenças mais comummente encontradas (p.e. malária); ausência de sanitários; lixeiras a céu aberto, onde os dejetos orgânicos e não orgânicos são depositados sem qualquer tipo de tratamento e obviamente, e não menos importante, material médico para poder disponibilizar às populações.
Imbuídos do espirito de tentar minimizar estas necessidades, a HumanitAVE procurou junto de empresas, laboratórios médicos e instituições de diversas ordens (ONG’s; IPSS’s; SCM Riba deAve; Autarquia de Famalicão e juntas de freguesia; etc.) ajudas para reunir material que pudesse ser utilizado na reabilitação e modernização das condições de trabalho, obrigatoriamente, melhorando os cuidados de saúde prestados. Angariou também material médico e escolar para dar algo mais a estas pessoas que, diariamente, do inexistente fazem o muito e onde o impossível (europeu) se transforma no seu quotidiano.
A missão de 2017, teve a duração de 14 dias, iniciou-se muito antes da HumanitAVE aterrar em território Guineense. A angariação de apoios e parcerias culminou com o envio de um contentor com todos os materiais angariados e que irão permitir cumprir com os propósitos da missão.
Foi posta em marcha a requalificação de alguns espaços do Hospital do Povo, começando pela reconstrução da incineradora existente e que não funciona há anos. Colocação redes mosquiteiras em todas as janelas. Procuramos também dotar todas as casas de banho e consultórios de água potável para a higienização adequada dos locais e dos profissionais. Foram também resolvidos os problemas elétricos para dotar de luz todas as salas do Hospital.
Em simultâneo com a requalificação do Hospital do Povo, foram efetuadas consultas de medicina geral e de medicina dentária bem como cuidados de Enfermagem. Estes atendimentos são gratuitos, bem como os tratamentos instituídos são, maioritariamente, fornecidos pela HumanitAVE, graças à generosidade dos seus parceiros e colaboradores.
Muito outro material médico também foi colocado à disposição da população no Hospital do Povo após a partida da equipa da HumanitAVE. Certos de que as sementes são tão importantes como o próprio fruto, foram desenvolvidas consultas em parceria com os profissionais locais no sentido de fomentar momentos de partilha, formação e de crescimento mutuo.
Um outro objetivo da missão, era partilha de conhecimento com os professores e alunos locais, onde os voluntários da HumanitAVE participaram em formações e atividades com a comunidade escolar local com o objetivo principal do respeito e do conhecimento sobre a língua portuguesa.
Por fim, após a chegada do contentor de material enviado de Portugal e como o tempo é um bem precioso iniciamos a montagem de um Parque Infantil debaixo de chuva intensa. Sem dúvida que uma das fontes de inspiração/motivação para esta missão foram as crianças, que desde a primeira hora o aguardavam ansiosamente.
Após a conclusão da montagem do Parque Infantil, a ONG Soguiba proporcionou-nos uma inauguração digna de registo pelos nossos corações, marcando presença em tal ato o diretor clínico do Hospital do Povo. Dr. Armindo Cumando Sanha, o diretor sub-regional da educação, Cristóvão Morais, o responsável dos pais e encarregados de educação e os protagonistas, as crianças.
Vário material escolar, fruto de coletas efetuadas em Portugal, foram distribuídos pelas crianças das “tabancas” de forma a chegarmos a todos os locais indiscriminadamente do local onde habitam.
Sorrisos, gargalhadas, brilho nos olhos, foram a forma de gratidão que os voluntários da HumanitAVE receberam.
Várias foram as pessoas e instituições que, após toma de conhecimento do projeto da HumanitAVE se quiseram associar à causa. Um desses exemplos, e provavelmente um dos mais mediáticos, foi o da atriz Silvia Rizzo, com um amor largamente reconhecido ao Continente Africano, não podendo colaborar como voluntária, fez questão de amadrinhar a missão dando-nos o seu carinho e reconhecimento pelo trabalho que a HumanitAVE está a desenvolver tornando um pouco mais visível o trabalho deste heróis sem rosto.
A missão revelou-se, assim, um verdadeiro sucesso e estímulo humanitário a todos quantos tiveram o privilégio de a concretizar. A equipa que a levou a cabo está já no terreno para dar continuidade ao projeto iniciado, agora sob a capa de uma associação recentemente criada, a HUMANITAVE, da qual, nos próximos tempos, voltaremos certamente a ouvir falar.
Por fim, na pessoa do Sr. Dr. Salazar Coimbra, a equipa humanitária gostaria de manifestar o seu inestimável apreço pelo apoio concedido pela Santa Casa da Misericórdia de Riba de Ave, o qual se revelou vital para o êxito de toda a missão.
Juntos por um mundo melhor!